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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TALAGADA APIMENTADA.

BIBA MÉRRICO!

Para quem não conhece, o México é um país verdadeiramente encantador, em todos os sentidos. Estive lá há alguns anos e me apaixonei perdidamente pela História, pelas cores, pela comida e a tequila. Sem contar que os mexicanos nos adoram. Não a toa houve recentemente um significativo aumento de casas “mexicanas” em São Paulo, tamanho é o interesse dos brasileiros pela culinária incrível daquele país, a qual tantas vezes tentei reproduzir na pilotagem do meu fogão, sem muito sucesso.
Um dos bares/restaurantes mexicanos mais antigos da cidade é o “Viva México” (Rua Fradique Coutinho, 1.122). Na minha opinião também é um dos melhores, ou na pior das hipóteses o que reproduz mais fielmente os sabores peculiares do país sangrentamente conquistado por Hernan Cortez. Na lida desde 1992, o Viva México permanece até hoje do mesmo jeitinho de quando foi inaugurado. Até os garçons são os mesmos.
O ambiente do boteco é minúsculo e a decoração é obviamente típica. Sombreros, bandeirolas coloridas, garrafas de tequila nas prateleiras e fotos dos grandes vultos mexicanos da história nas paredes. Venustiano Carranza, Porfírio Dias, Francisco Madero, Álvaro Obregón e porque não os heróis da revolução mexicana de 1910, Pancho Villa e Emiliano Zapata (interpretado nas telas por Marlon Brando), estão todos lá. No terreno das artes, algumas reproduções e fotos de Diego Rivera, Davi Siqueiros, Rufino Tamayo e Frida Kahlo, minha preferida!
A cozinha, se não dá vontade de aplaudir de pé, também não é de se vaiar. É evidente que todo restaurante de comida temática nunca consegue reproduzir fielmente os pratos do país de origem. Os vegetais são diferentes, as carnes tem outro sabor, os temperos, as ervas...etc. Mesmo assim, o Viva México procura, dentro das possibilidades, ser o mais fiel possível. Não espere encontrar lá a comida “tex-mex” (texas/méxico), com as tortillas douradinhas e fritas. Não. As tortillas de lá são iguais às do país mãe, moles e na chapa. E são deliciosas!
Na Cidade do México a comida de rua é um patrimônio cultural. São milhares de “taquerias” espalhadas pela imensa cidade. Bibocas meio sujas, com a carne girando no espeto vertical, banhada em pimenta vermelha ou jalapeño, igualzinha ao nosso churrasquinho grego. Há que ter a coragem de Montezuma para comer um taco nesses lugares. Pois o Viva México pretende ser uma taqueria. Mas na verdade não é. O país sede, através das importantíssimas culturas azteca e maia, legou ao mundo a pimenta, o chocolate e o milho (é pouco?). Com esses três ingredientes (e mais alguns) é possível criar maravilhas. Experimente no Viva México, por exemplo, o taco a la parrilla (para duas pessoas), chili com carne ou o frijole (feijão) refrito. Excelentes! Mas existem muitos outros pratos e antojitos (aperitivos) no cardápio. Burritos (uma espécie de caneloni mexicano), fajitas (tiras de carne com vegetais), quesadillas e tantos mais! Só tome muuuuito cuidado com as pimentas. No México passei indescritíveis apuros por causa dela. No Viva México não é muito diferente. Quem tem gastrite ou outros problemas vasculares mais ao sul, é prudente evitar. Mas como diz o velho adágio, passarinho que come pedra.....
Para beber, algumas boas cervejas mexicanas como por exemplo a excelente “Dos Équis” (dois X), minha preferida, e as margaritas (marGUErita é pizza pô!!!), frozen ou tradicional. Para os mais corajosos, boas tequilas e mezcal, mas isso é bebida pra gente grande, sem filhos e sem apego à vida.
De vez em quando aparece por lá um trio de mariachis, todos com a inconfundível cara de bolivianos ou peruanos. Evite também. É muito ruim e nem de longe parecida com a verdadeira música mexicana. Isso porque existem poucos mexicanos de verdade no Brasil. Eles preferem se aventurar na fronteira mais ao norte e, invariavelmente, se dão muito mal. Como disse o político Porfírio Diaz, “pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”!
Para quem já conhece e gosta de comida mexicana, o Viva México é “o” lugar. Para quem nunca se aventurou, também. Mas repito o alerta. Tenha sempre em mente a frase do sábio brasileiro Érico Veríssimo que diz que “a alma mexicana pode comparar-se a uma lavoura de milho de aparência tranqüila. Mas cuidado, forasteiro! A qualquer momento a roça pode explodir num vulcão sem aviso prévio e toda a contida e ardente lava brotará com fúria mudando por completo, em poucos minutos, a paisagem em torno”. Por “ardente lava” entenda-se “pimenta”!

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