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sábado, 30 de julho de 2011

TALAGADA ANTIGA.

GUARANÁ COM ROLHA

Dá uma certa dorzinha nostálgica a gente pensar que em mil novecentos e guaraná com rolha existiam na cidade dezenas de opções de botecos com boa música brasileira, no melhor estilo um-banquinho-e-um-violão. Já tratei aqui de falar de alguns deles que bravamente resistem ao chamado dos novos tempos, aos apelos de fácil digestão do mercado brasileiro, que virou uma grande Miami musical como disse Antonio Abujamra. Mas tudo isso, tanto os botecos quanto essa enfadonha discussão, já fazem parte do século passado. Pior, do milênio passado!
O que nos resta é engolir a almôndega estragada dos bares de música sertaneja, de pagode e de música eletrônica. Apenas isto nos restou. Antes não tivesse restado nada! Mas durante o tempo em que torcemos e aguardamos pacientemente pela derrocada e ostracismo inexorável do pagode e da música sertaneja, comemorando ruidosamente cada cd vendido a menos, ainda temos alguns poucos lugares para ouvir um pouco de música de verdade. Um desses lugares não é bem um boteco. Pelo menos por fora não parece. Nem placa, nem nada em sua fachada indica que ali dentro funciona um bom reduto de música de qualidade. Toca-se uma campainha e um mundo se abre. Na verdade é um clube. O “Julinho Clube” (Rua Mourato Coelho, 585).
Conheci Julinho Camargo quando ainda era um dos bons músicos do lendário bar Boca da Noite, no Bixiga, revezando o palco com Filó Machado, Elton e a grande cantora Maria Marta. Depois ele abriu um bom bar de música na Rua Pinheiros: o extinto Bartitura. De alguns anos pra cá Julinho e alguns poucos amigos, em sistema de mutirão, reformaram uma velha casa e abriram o clube. E faz sucesso! Principalmente às quintas-feiras quando no espaço se reúne o Clube da Boemia!
Recentemente lá estive para ir ver um show do excelente cantor e compositor Lula Barbosa (aquele do “Mira Ira” no festival da Globo dos anos 80), que infelizmente poucos conhecem. Tive a melhor das impressões. Ambiente aconchegante, escuro e com velas acesas nas mesas, um pequeno mas bem achado palco, atendimento simpático conduzido por moças bonitas, cervejas geladas, algumas boas porções (pastéis, por exemplo) e boa música. Sim, a velha fórmula ainda funciona, por mais antiquada que pareça.
Não teria muito mais a falar sobre cardápio, marcas de cerveja, acepipes e congêneres mesmo porque só estive lá uma vez e sem fome (mas com alguma sede). Posso falar, isso sim, que o lugar é despretensiosamente nostálgico e tranqüilo. Impossível entrar lá sem receber uma lufada de memórias agradáveis de outros tantos lugares bacanas do nosso passado, de bares que não existem mais (eu teria dezenas para citar) e, sem querer ser repetitivo, de excelente música. Aqueles que tem RG abaixo de 12.000, como eu, sabem bem sobre o que estou falando.
Como detalhe adicional, na parede do palco existe um painel que é réplica fiel do desenho da parede do já mencionado Boca da Noite, com a representação gráfica dos grandes nomes da música brasileira. Ver isso ocasiona uma lágrima furtiva e insistente no canto do olho.
Pedi licença ao Julinho para falar de seu espaço aqui (que ele gentilmente concedeu) porque o lugar não pretende escancarar suas portas e virar mais um botequinho de Vila Madalena. Então, recomenda-se um certo segredo, falar baixinho para que as hostes bárbaras não nos escutem e para que o lugar continue sendo o que genuinamente é: simpático, tranquilo e aconchegante. E para falar de simpatia, vale lembrar a lição do grande prosador espanhol Baltasar Gracián que disse que “a simpatia consiste num parentesco de corações e a antipatia num divórcio de vontades”.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

TALAGADA SECA.

PEIXE SECO


Piratininga, segundo Silveira Bueno, é vocábulo indígena que significa "peixe seco". Do tupi pira: peixe; e tininga: seco. O topônimo teria referência aos peixes que morriam à margem do Rio Anhangabaú, depois que este transbordava pelas cheias (novidade), e findavam por secar expostos ao Sol. Também já compôs, como é fato sobejamente sabido, o nome de nossa cidade, São Paulo de Piratininga, um povoado que em 25 de janeiro de 1554 surgiu numa colina, para fugir das cheias talvez.
Também é nome de bar, e dos bem razoáveis (Piratininga Bar - Rua Wisard, 149), na ativa há quase 20 anos. Se alguém, da mesma forma que eu, pensa que bar de verdade tem que ter balcão, vai gostar de lá. E digo mais, já chorei dores de amores naquele balcão, disse impropérios, roguei pragas a ex-namoradas (que não pegaram, graças a Deus), tudo sob o atento e conivente olhar do bar men e do meu copo de uísque, que também me dava conselhos depois da oitava dose.
Antes da reforma que o descaracterizou, infelizmente, era um bar ainda melhor. Pequeno, escuro e com ar nostálgico, qualidades que caem bem a um bar (não estamos falando de ambientes hospitalares). Quando ainda se podia fumar lá dentro era possível cortar a fumaça com uma faca, se não fosse o perigo dela revidar (parafraseando L.F. Veríssimo). Mas hoje o ambiente interno é impolutamente ascético. Assim como o ar da cidade, que nunca mais teve problemas de poluição depois da proibição do fumo dentro dos bares.
Não vá lá para comer, fica dado o aviso. Vá para beber, como convém ao cenário. Não que a comida seja horrorosa. Não é. Mas também não é digna de grandes elogios. Tudo meio comum e sem borogodó. Já os bebes são bem bons. Tente a caipirinha de lima da pérsia ou os uísques honestos. Evite o chopp, servido em temperatura quase ambiente e sem espuma, como se tivesse sido tirado por sua sogra. A música ao vivo, no mezanino, não dá para ser evitada, mas bem que deveria. Já foi bem melhor. Hoje, é aconselhável levar seu ipod.
Outra sugestão: o Piratininga é um bar ideal para se ir sozinho e sem nenhuma vontade de paquerar ninguém (mesmo porque dificilmente você vai encontrar alguém). É o local ideal para beber bastante e chegar à conclusão de que você está fazendo tudo errado na sua vida, chorar, ficar nostálgico, falar sozinho sem que ninguém ache esquisito, escrever longas cartas de amor no guardanapo e depois jogar fora e esquecer tudo no dia seguinte. No máximo, leve alguém com quem você não queira ser visto, seja qual for o motivo (eu consigo pensar em vários). Acredite, ninguém vai saber!
Eu vou lá desde o tempo em que o bar reinava solitário naquele trecho da rua. Hoje o pedaço está bem mais agitado, inclusive com outras casas do mesmo dono (Pira Grill e Pira Sanduba), mas não tem erro: é o único bar que tem um Ford Phanton 1929 estacionado na porta (propriedade do dono do bar) e uns cinquentões grisalhos parecidos comigo, nas mesinhas da calçada. Mas não confunda: se eles estiverem falando da cotação da bolsa de valores ou do último jogo do tricolor, não sou eu!







sexta-feira, 15 de julho de 2011

TALAGADA ESCANTEADA.

NÃO É EM QUALQUER CANTO QUE SE ACHA

Através dos tempos, a esmagadora maioria dos nomes dos bares que conheci não guarda nenhuma relação com as características externas do estabelecimento e às vezes também com as internas, o que é mais grave. Um bar tem que dizer a que veio já no nome, sob pena de navegar pelos mares perigosos do estelionato etílico, fazendo uso de ardis para iludir os incautos, sedentos por boas novas e boas cervejas. Como toda a regra tem a sua exceção, esse não é o caso do bar “Canto Madalena” (Rua Medeiros de Albuquerque, 471). Ele encontra-se “cravado” justamente num canto de rua, que não poderia ser mais quina do que já é, sendo que ele não é um bar de esquina. Pelo menos não uma esquina convexa. É côncava. Não sei se me fiz entender, existem esquinas côncavas? Não importa. Esta não é a sua melhor característica.
Os motes do bar são o ambiente e a comida. Comecemos pelo último, só prá chatear. Comida com acento nordestino. Toda comida temática é traiçoeira mas no caso do Canto Madalena o risco é mais ameno. Na hora do almoço tem buffet. No jantar, excelentes escondidinhos, carne seca desfiada com farofa, costelinhas de porco de matar, baião de dois, porção de acarajés, arrumadinho, um mexidão nordestino que seria capaz de assentar azulejos sem argamassa, enfim, a lista é longa e boa. Além disso tudo, uma novidade bastante criativa entrou no cardápio há pouco tempo. É o contrário do escondidinho, chamado “amostradinho”, em várias versões com destaque para o de lula salteada sobre purê de banana da terra e o de ragu de rabada sobre polenta mole. Beeeem bacana!
Para acompanhar, as cervejas nacionais de praxe e um bem tirado chopp. Isso sem contar, é lógico, com uma extensa carta de cachaças de estirpe. Pronto! Nada mais é necessário.
Agora, para falar da decoração e do ambiente, é preciso empreender uma jornada memória adentro e lembrar dos detalhes que existiam nas casas de nossas avós. Pingüins de geladeira? Móveis antigos? Cristaleiras? Vasos de flores sobre toalhas de chita? Tudo isso e mais um pouco está lá, proporcionando uma sensação de conforto e aconchego bem perceptível. Afinal de contas, existe lugar mais amoroso e acolhedor do que a casa da vovó? Bem dizia o poeta Lauro Muller que o avô é o pai sem exigências e a avó, a mãe com açúcar!
Vá lá com tempo. O serviço não é um campeão de rapidez, mas também não chega a enfurecer. Sem contar que é extremamente simpático. Se possível, peça para ser atendido pelo discreto e altíssimo garçon Guina, excelente profissional que conheço de priscas eras do bar Bom Motivo e que sabe guardar todos aqueles segredos vexaminosos sobre os nossos porres do passado (quem não os tem que atire a primeira azeitona).
Como luxo extra, o bar oferece música brasileira ao vivo em alguns dias da semana e aos sábados no almoço, oportunidade em que é servida uma lauta feijoada, mas as poucas vezes em que ouvi música ao vivo lá, preferia não ter ouvido. Esse item precisa melhorar. Todo o resto compensa com sobras.
Ressalto por fim que não se trata de um bar de comida típica, razão pela qual conserva suas boas características. Talvez seja apenas um bar de comida brasileira e ponto. Por isso termino parafraseando Gilberto Amado, dizendo que “quem não gosta do Brasil não me interessa”.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

TALAGADA ARQUEOLÓGICA.

JURASSIC PARK

O período jurássico dos bares de São Paulo atingiu o seu ápice por volta dos anos 40, até o início dos anos 50. Antes disso vigia a era paleozóica. Ao contrário de todos os prognósticos alguns poucos bares sobreviveram e chegaram até os dias modernos. Como sói acontecer, os sobreviventes viraram “clássicos”. Os pés sujos da época eram mal vistos, coisa de bebum, apesar de sabermos que toda a boa família de São Paulo sempre teve ao menos um bebum em suas fileiras. Hoje viraram cult.
Os bares “chiques” vieram para suprir essa lacuna. Sem o menor medo de cometer um engano, o bar classudo mais importante que sobreviveu (a duras penas) foi o Pandoro (Avenida Cidade Jardim, 60). A tradução literal do nome seria “pão de ouro” mas o estabelecimento, curiosamente, nunca foi uma padaria e nunca serviu pão.
Fundado em 1953 o barzão atingiu seu ápice nos anos 60 e 70, quando os filhos das boas famílias o freqüentavam, após o habitual rolê na Rua Augusta, com seus possantes opalas e dodges charger RT ou suas reluzentes Hondas CB 750 four. Sim senhores, esse hábito incompreensível de rodar por aí, sem nenhum objetivo, apenas para exibir carros ou motocicletas, esbanjar inutilmente a preciosa gasolina, fritar pneus em arrancadas e poluir o planeta não é uma novidade entre os paulistanos. A cidade sempre teve uma inequívoca vocação para andar motorizada. Mais incompreensível do que isto considero apenas o hábito de ir ao aeroporto de Congonhas para ver, do terraço, aviões decolando e pousando. Até hoje isso acontece em Guarulhos. Que falta nos faz a praia!
Voltando ao assunto, nos anos 90 e início do novo século o Pandoro experimentou uma inevitável decadência, na mesma proporção da derrocada das fortunas dos que o freqüentavam. Chegou mesmo a falecer e ser enterrado por dois anos, ressurgindo de cara nova em 2008 nas mãos de novos donos. Mas a alma e os fantasmas, dizem, permaneceram. O bar espelhado continua lá e o lendário (e provavelmente septuagenário) barman Guilhermino também. De suas trêmulas mãos sai o drinque que se tornou o carro chefe da casa: o “Caju Amigo” (que após três ou quatro doses se transforma rapidamente no seu pior inimigo). Exaustivamente copiado e nunca superado o clássico drinque leva uma mistura de vodca (bebida da moda em tempos de guerra fria), açúcar, gelo, suco de cajú concentrado e uma compota de caju morto estranhíssima de se ver (parece o feto de algum animalzinho, nem olhe muito). Além disso duas gotinhas de um componente secreto cuja fórmula morrerá com Guilhermino (pó de pirlinpinpin hidratado ou quiçá o suco de abóbora do Harry Potter). Nem Hercule Poirot descobriria.
Mas tem mais. Um bom chopp Brahma, algumas porções, coxinhas creme, mais de 110 marcas de wiskhy, drinks, pasteizinhos, salgadinhos, empanada de estrogonofe, lingüiça de cordeiro e cervejas nacionais e importadas fazem a alegria dos playboy/boêmios de plantão. A casa possui janelões de vidro no estilo aquário, poltronas "chiques" para bundas mais ainda e móveis garimpados de antiquários, além de um belo jardim com paisagismo típico da década de 50, ou seja, de quando a cidade ainda tinha paisagem. As paredes são decoradas com 78 caricaturas de seus clientes, o que para mim soa como um catálogo do programa do Amaury Puxasaco Júnior.
No mais, o Pandoro voltou a ser o que sempre foi, um ultimate fighting da paquera para cinquentões e sessentões descasados (os mesmos que freqüentavam a Rua Augusta nos anos 70) que hoje estacionam suas harleys e seus jaguares em frente ao bar e ficam horas discorrendo sobre o carburador XYZ enquanto disparam olhares tipo tigrão-um-ponto-oito para as gatinhas quarentonas ao lado. Já foram endinheirados. Ou ainda são, sei lá. Mas a esse respeito termino citando o intelectual inglês Maurice Baring que dizia que “se quiserdes saber o que Deus pensa do dinheiro, é só olhar a quem ele o dá”.



sexta-feira, 1 de julho de 2011

TALAGADA PORTENHA.

EL DIA QUE ME QUIERAS

Você anda pelas ruas, cansado após um longo dia de trabalho e o estômago dá os primeiros roncos de fome, disfarçados pelos roncos dos motores dos automóveis engarrafados. Então você passa pelo bar da esquina e o único croquete de carne remanescente da vitrine dá uma piscada para você. Sim, ele te deu mole, ele te quer, ele está te esperando há dias. E então você ouve a trilha sonora: “el dia que me quieras”....irresistível. Você devora o combalido acepipe com a volúpia dos etíopes e vai embora. Antes de chegar em casa é o intestino quem te dá os primeiros e inconfundíveis sinais de que foi intoxicado e você ouve a trilha sonora: “adiós muchachos, compañeros de mi vida”......Corre para o trono e passa a noite lá. E dá-lhe retocolite ulcerativa e dá-lhe colonoscopia e dá-lhe imosec.
Essa lamentável cena nunca aconteceria se o bar em questão fosse, por exemplo, o “Empanadas” (Rua Wisard, 489). Lá, deliciosas e saudáveis empanadas o aguardam em sortidos sabores: carne, frango, palmito, carne-seca, roquefort....mas seja tradicionalista e prefira as de carne. Elas não param de sair do forno, sempre fresquinhas e bem quentes. Para acompanhar, cervejas trincando de geladas. Essa combinação pelando e trincando é o que de melhor a casa tem a oferecer, mas existem outros pratos, sanduíches e porções que nem vou levar em consideração.
Em 1980 a Vila Madalena ainda era apenas um reduto de moradores interioranos, artesãos de calçada, bicho-grilos desocupados em geral, estudantes da USP expulsos do CRUSP, atrás dos aluguéis baratos e cineastas com muitas idéias na cabeça e nenhuma câmera à disposição para registrá-las. Nessa época, cartunistas como Angeli ou o falecido e genial Glauco teriam inspiração para criar outros tantos personagens espetaculares, tamanha a diversidade e excentricidade dos nativos. Foi nesse glorioso ano-de-nosso-senhor que o Empanadas veio à luz, fruto da sociedade improvável entre um argentino e um chileno. Sim, porque o que este país tem de bom é que judeus freqüentam a casa de árabes e chineses fazem churrasco para coreanos e japoneses, todos bebendo muita cerveja e convivendo na maior harmonia, independentemente da pinimba que esteja ocorrendo em suas respectivas terras-mãe.
No início era apenas uma portinha e era possível encontrar lá os já mencionados cineastas frustrados discutindo veementemente o último Godard ou Antonioni. Hoje o boteco virou um master/blaster barzão e todas as tribos o freqüentam, de engravatados a rastafaris, de tatuados a patricinhas e, porque não, os neo-bicho-grilos ainda desocupados. E o comando passou para quatro novos sócios, três deles antigos garçons do estabelecimento.
Para mim o Empanadas tem um valor nostálgico e gastronomicamente inovador. Nostálgico porque foi um dos primeiros botecos que freqüentei e inovador porque descortinou um vasto universo de novidades portenhas e me ensinou que Buenos Aires é uma cidade sensacional e que os “hermanos” argentinos são sim caras legais, apesar das piadinhas infames que alguns contam sobre eles. Mas talvez as piadas sejam apenas uma forma de reverenciá-los. Só porque eles sabem fazer churrasco, fazem grandes vinhos, tem mulheres lindíssimas e de vez em quando nos aplicam vergonhosas sovas no futebol. Só por causa disso! Ah, e produziram gente do calibre de Astor Piazzola, Borges, Maradona e Messi. Só por causa disso!
Mesmo assim, termino contando aquela passagem verdadeira (não é piada) em que um argentino pegou um táxi e foi para uma colina nos arredores de Buenos Aires. Desceu do táxi e ficou horas olhando para a cidade, sem dizer palavra. Até que o taxista perguntou o que faziam ali e ele respondeu dizendo que só queria ver como a cidade se virava sem ele!