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sexta-feira, 17 de junho de 2011

TALAGADA NOTURNA.

MATRIZ OU FILIAL?


A dúvida que assaltou Lúcio Cardim, o autor da música (ou a musa dele), por vezes também me atropela. Após a era de ouro do Clube do Choro e do Vou Vivendo, ambos competentemente capitaneados pelos irmãos Altmann, restou um buraco negro na noite paulistana. É certo que nesse momento outros bares estavam tentando preencher o vácuo e alguns até atingiram o seu intento. Por outro lado, até o ano 2000 (lá se vão onze anos de glória) por mais inacreditável que pareça, não existia na Vila Madalena um bar sequer onde se pudesse saborear um chopp decente. Isso até a inauguração do Filial (Rua Fidalga, 254) pelos mesmos irmãos Altmann, que bem lá no comecinho chamava-se Filial do Chopp (a abreviação do nome não abreviou as qualidades). Mas naquele momento o Filial era matriz, porque na verdade, não existia uma matriz.
O talento do bar logo se revelou. O melhor fim de noite de São Paulo e até hoje ele fomenta essa fama. Não é difícil descobrir o motivo. Basta chegar lá as duas da manhã em qualquer dia da semana para verificar que a casa está fervilhando, com espera no apertado balcão. E fica aberta até o último chato.
Não pense você que passará pelo constrangimento traumatizante de assistir os garçons colocando as cadeiras sobre as mesas e jogando água no seu sapato novo enquanto você pede desesperadamente a saideira e a conta (pela oitava vez). Lá isso definitivamente não acontece! Se acontecer é sinal de que morreu alguém.
O chopp, como já ficou nas entrelinhas, é muito bem tirado e gelado. As comidas são um espetáculo, como diria meu amigo Ildo do Cavaco. Eu adorava o “Prego com Martelo” (sanduíche de filé, queijo derretido e presunto cru) que parece ter saído do cardápio mas ainda é encontrado no filial do Filial (Bar Genial, mas isso já é outra história). O ideal é chegar lá com fome de dois dias e pedir logo o “Prato de Mãe” número 1 (existem mais duas versões). Arrozfeijãofiléovofritoefritas! Ma-ra-vi-lho-so!
Mas o cardápio é vasto e pode ser encontrado na íntegra no site (bacana) do bar (pesquise no google oras bolas!).
Eu ainda recomendo as batatas fritas com ovos estrelados, as frigideiras de arroz (risotos e afins), o estrogonofe Filial e o prosaico filé com fritas mas isso é questão de gosto pessoal.
Dificilmente você não encontrará algum famoso em uma das mesas (ou vários ao mesmo tempo). Cantores, músicos, jornalistas esportivos e outros espécimes de animais noturnos. Nos dias de semana, a turma toda do CartãoVerde (TV Cultura) faz ponto lá, depois do programa. Meu amigo Vladir Lemos, Xico Sá, um ou outro convidado e o Dr. Sócrates comandando o meio de campo e o chopp. Já vi o Raí por lá também trocando passes com o irmão mais velho (informação importante para as leitoras). Não costumam levantar a bunda da cadeira antes das 3 da matina!
O bar funciona durante o dia também, mas é depois da meia-noite que ele cumpre a sua nobre função com galhardia. O escritor renascentista Leão de Módena disse que “a noite foi feita para podermos refletir no que fizemos durante o dia”. Eu acrescentaria “e ir ao Filial”, ainda que você espere duas horas por uma mesa!

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